sábado, 29 de dezembro de 2007

R.I.P. Benazir Bhutto - The Daughter of East

É com muita pena minha que assisti à morte da ex-primeira ministra e de novo candidata ao cargo Benazir Bhutto. O contexto da seu falecimento assemelha-se mesmo a uma partida do destino tais são as coincidências que contém. O seu pai (também ex-primeiro ministro Zulfikar Ali Bhutto)foi assassinado depois de deposto pelo general Muhammad Zia Ul-Haq e a sua morte ocorreu no seu retorno depois de um comício no Parque Liaquat, parque este que deve o seu nome a mais um ex-primeiro ministro assassinado em 1951, Liaquat Ali Khan.

Para o público que não tenha ainda investigado acerca da vida e obra desta senhora, este trágico acontecimento ditou o fim de uma mulher honesta que sempre lutou pela democracia e liberdades individuais.Este juízo de valor não é totalmente descabido mas também não corresponde à inteira verdade. O seu trajecto está envolto em polémica e inundado em contradições.

Benazir Bhutto (Karachi, 21 de junho de 1953 — Rawalpindi, 27 de dezembro de 2007) estudou ciência política em Harvard e Oxford onde obteve grande desempenho tendo sido inclusive a primeira mulher asiática a ocupar o cargo de presidente da Oxford Union. Mas a morte do seu pai precipitaria o seu regresso ao Paquistão.

Após a sua chegada, Benazir assume juntamente com a mãe a liderança do Partido Popular do Paquistão. Mas o totalitarismo que por lá se vivia ditou a sua prisão e o regresso ao Reino Unido desta vez no contexto de exílio. Só em 1986 com a legalização dos partidos políticos a conjuntura afigurou-se favorável para o seu segundo retorno.

Já no país natal, Benazir conseguiu mesmo chegar a primeira ministra por duas vezes conseguindo ser a 1ª mulher no cargo de chefe de governo de um Estado muçulmano moderno, sendo que em ambas as situações foi destituída pelos Presidentes responsáveis de cada periodo alegadamente por corrupção e outras ilegalidades. Os seus dois mandatos ficaram marcados pela amigabilidade em relação ao Ocidente, aos direitos humanos e às mulheres, embora sem medidas significativas que rumassem nesse sentido, e por uma relação de apoio com os talibans aquando do derrube do presidente Burhanuddin Rabbani por parte destes. Voltou a exilar-se em 1999 desta vez por iniciativa própria após tomada de poder por Pervez Musharraf de onde só regressou já em 2007 no dia 5 de Outubro através de uma amnistia concedida pelo próprio Musharraf. Pelo meio, em 2004 envolveu-se num caso com as justiças paquistanesa e suiça, no primeiro caso por lavagem de dinheiro e no segundo por
recebimento ilícito de dinheiro das empresas suíças Société Générale de Surveillance (SGS) e Cotecna Inspection SA de forma a conseguirem contractos de inspecção de mercadorias nas alfândegas paquistanesas sem recorrer a concurso público.

Na sua última estadia no Paquistão até à data, Benazir Bhutto lutava pela demissão de Pervez Musharraf do governo acusando-o de desrespeitar a democracia. Era uma séria candidata ao cargo ocupando talvez a oposição mais forte ao regime vigente. Existem diversos suspeitos do atentado, e embora não existam conclusões evidentes divulga-se que a autoria provavelmente pertencerá a uma célula da Al-Qaeda devido à posição de Benazir contra o fanatismo islâmico. Na minha opinião muitos ficariam a ganhar se este incidente ocorresse, sendo por isso difícil a selecção de um culpado em particular.

Posso assim concluir que muito embora detivesse inúmeros episódios obscuros, o Paquistão perdeu uma das fortes esperanças do estabelecimento da democracia no país e da luta contra o extremismo religioso, o que me leva a afirmar que Pervez Musharraf continuará com o seu regime totalitário e com uma luta nada determinante em relação ao terrorimo recorrente no país.

3 comentários:

Meggy disse...

é dificil compreender que ainda ha nações mergulhadas em ditaduras, na época em vivemos os direitos humanos não deviam de ainda serem apregoados, mas sim ja assimilados e aplicados por tdas as nações e cidadãos do mundo. E relembrados em cada acção tomada em nome da democracia para o bem estar dos cidadãos.

Só resta dizer, silenciou-se mais uma voz democratica no meio dos gritos, causados pela repressão de uma ditadura velha e descontextualizada.

Em resposta ao commnt que deixas-t no meu blog, pq reservas essa visão do mundo só para ti? Acho que essa visão diferente deve ser partilhada, sem medos... é presiso sair do vazio em que muitas vezes nos fechamos, é preciso dizermos o que pensamos e msm que ninguem nos entenda á 1a vista, ao menos ouviram-nos e podemos pensar que fizemos a dieferença...

Bem deixo-me de divagações e felicito-te pelo brilhante post. =)

Anônimo disse...

Hello. This post is likeable, and your blog is very interesting, congratulations :-). I will add in my blogroll =). If possible gives a last there on my site, it is about the CresceNet, I hope you enjoy. The address is http://www.provedorcrescenet.com . A hug.

Bola de Sabão Pragmática disse...

“ Assassínio de Benazir coloca Paquistão à beira do abismo…
In “Público”, Sexta-feira, 28 de Dezembro de 2007


Benazir Bhutto:

Uma lutadora até ao Fim.

Nice post!