sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A Gnose dentro do Cristianismo

Ao longo dos tempos, a Igreja tem-se assumido como a maior religião do mundo, a religião das massas e tem até direito a um Estado. Em suma, digamos que é uma religião de sucesso. A verdade é que muito desse "sucesso" atingido, é contado com páginas de história manchadas em sangue ou com recurso a ameaças. Um dos inúmeros exemplos prende-se com o caso Galileu Galilei, um caso que alimenta aqueles que acusam os cristãos, de negarem e desacreditarem a ciência e consequentemente uma evolução para o mundo. Penso que essas acusações têm relação com o facto de a Igreja Católica ser vista como a detentora da fé cristã. Nada mais errado. Para além de existirem Protestantes e seitas, existem ainda pessoas que têm a sua própria interpretação dos ensinamentos de Jesus. Eu próprio identifico-me como Cristão não Católico. E hoje vou falar precisamente dum grupo de pessoas que tinha a sua própria ideia de Cristianismo, de Jesus e da fé. Refiro-me aos Cristãos Gnósticos.

No ano 125 d.C. deu-se a cisão definitiva entre Judeus, Cristãos Ortodoxos (os criadores da Igreja católica) e os Cristãos Gnósticos. Se os primeiros são sobejamente conhecidos, resta-me agora apresentar-vos o Gnosticismo.

Como o próprio nome indica, embora possuíssem uma filosofia diferente da ortodoxa, os Gnósticos acreditavam em Cristo como filho de Deus, como uma pessoa especial com uma visão diferente do comum dos mortais, como um Iluminado. Mas a partir daqui residem todas as diferenças. Para um Gnóstico, existem vários níveis de Iluminação, níveis esses que só são crescentemente atingidos através do trabalho de meditação, de espiritualização, de acções bondosas e de renúncia à mentalidade materialista. Só assim poderíamos ir avançando na escala até ao ponto máximo, ou seja, um estado desperto que nos permite ter acesso à felicidade suprema (um género de Nirvana)e ao conhecimento completo de Deus. O que significa que Jesus ao atingir um patamar elevadíssimo, tornou-se em Cristo, um Homem especial e desperto. Também Pitágoras, Sócrates, Platão, Aristóteles ou Buda eram vistos como grandes iluminados que possuíam contacto directo com Deus.

Do ponto de vista científico, eram autênticos cientistas, já que detinham enorme conhecimento do Universo, do homem, da matemática, da química e da astrologia. Contrariavam totalmente o conservadorismo da futura Igreja Católica.

Acreditavam ainda na ressurreição, o que lhes permitia encarar a morte com grande calma e naturalidade. Sabiam até todo o processo desde a morte até à reunião definitiva da alma com Deus (caso tivesse sido atingida a espiritualização necessária) ou em caso de uma vida pecadora, o regresso à Terra num outro corpo.

Eram na generalidade pessoas muito calmas e tolerantes que viam as outras religiões com bons olhos e trocavam até ideias com indíviduos de credos diferentes.

Existiam ainda outras crenças e ideologias dentro do Gnosticismo mas que julgo serem demasiado complexas para serem explicadas no blog. Para além disso o texto já está enorme e duvido se alguém terá a coragem de o ler integralmente.

Mas ficam assim expostos os ensinamentos e crenças dos Gnósticos, que causaram tanta polémica que foram perseguidos e mortos pela Igreja Católica, mas que conseguiram deixar o seu legado através de textos escondidos, os chamados textos gnósticos e apócrifos.

Na minha opinião, estes eram os verdadeiros Cristãos da época.

Nota: Se quiserem aprofundar mais este tema, recomendo o livro "Príncipe da Luz" escrito por Pedro Barahona de Lemos. Livro que li e que serviu de base a este artigo, por isso aconselho-vos vivamente.

3 comentários:

Miguel Moreira disse...

vou curtir ler as tuas ideias
sem ser em rap
para mudar um bocadinho
bom trabalho ;)

Meggy disse...

Beem o comment original foi-se... Enfm vou tentar dizer tudo como tinha dantes...

Uma religião nunca deve sobrepor-se as outras, não somos melhores ou pior pelo aqilo em que acreditamos. Somos sim melhores pessoas se respeitamos tds os outros, qer eles sejam cristãos, muçulmanos, budistas ou mesmo defensores da ciência.

No entanto não posso deixar de reparar que cada vez mais os grandes grupos religiosos, são movidos por ideiais materialistas.
Levando os seus seguidores a viver duma forma, quase ridicula, rejeitando por vezes coisas taum simples e taum essenciais. Ou então tb há qm viva a religião d forma hipocrita.

Acredito, eu, que devemos expressar as nossas opiniões e não apontar o dedo de forma recriminativa. Acredito e digo mesmo que tenho fé no respeito mutuo e na iguadade. Não somos mais q os outros, mas os outros tb naum são mais que do que nos. Se temos que partilhar um só globo, mesmo que em contientes diferentes, devemos antes d tudo respeitarmo-nos.

Catarina disse...

"(...)duvido se alguém terá a coragem de o ler integralmente." Eu tive coragem de o fazer!

Muito interessante sim senhor!

O GALILEU é que não estava lá muito bem... Mas enfim...